Pessoas, Problemas e muito Trabalho

     

O fato, porém, é que a igreja brasileira tem experimentado um crescimento numérico fenomenal. A própria mídia denominou o evento como o “bum evangélico”. Milhões de pessoas tem se achegado ao corpo de Cristo nestas últimas décadas. Somos em torno de trinta mil denominações diferentes. Junto com todo este povo chegaram também seus problemas, estigmas malignos, traumas e toda sorte de ataduras espirituais e ligaduras de impiedade. O mundo tem se deteriorado tanto, que oitenta por cento das pessoas que tem chegado em nossas igrejas necessitam ir para uma UTI da alma.
     Recentemente atendemos e ministramos uma adolescente de classe média que vinha enfrentando sérias dificuldades espirituais após sua conversão. Havia sido vítima de abuso sexual na infância; odiava o pai e não se dava muito bem com a mãe. Com 13 anos de idade saiu de casa e foi morar com a irmã numa outra cidade com o pretexto de estudar. Em poucos meses estava fazendo seu primeiro aborto. Envolveu-se no mundo das drogas, e de discoteca em discoteca entrou para o submundo da prostituição chegando a trabalhar num bordel como garota de programa. Desta forma alcançou facilmente sua emancipação financeira. Envolveu-se com filosofias da Nova Era e mergulhou de cabeça na umbanda e candomblé. Tudo isto antes de completar seus dezoito anos. Outros casos fazem este parecer superficial. Estas situações pessoais extremas deixaram de ser exceções para ser o “normal”.
     O que eu quero dizer é que Deus precisa e quer fazer muito mais que nós pensamos em termos de restauração de vidas. Algumas pessoas são literalmente um quebra-cabeças de mil e quinhentas peças desmontados, outras estão em questões morais e conjugais bem definidas por uma “sinuca de bico”, outras com situações específicas de perdas irreversíveis, outros ainda carregam as influências e consequências de um envolvimento profundo com o satanismo e idolatria, outros apenas migraram de um vício mundano para um “vício gospel” e ainda tentando sobreviver dentro da igreja inspirados por suas feridas e dor. Outros estão realmente mal intencionados e se infiltram através de manipulações sorrateiras tentando lograr seus próprios interesses. E assim por diante, a variedade de problemas parece não ter fim.
     Com todo crescimento, a igreja contraiu mais problemas do que poderia digerir. Está sofrendo de indigestão. Pessoas não saradas acabam sendo o pivô de muitas rebeliões crônicas e divisões devastadoras. Divisões e apostasias refletem as ânsias desta indigestão da igreja. Deus tem uma resposta: que possamos abrir o coração para o avivamento do odre novo. Um mover de profundo zelo e santidade avançando contra a religiosidade e podridão do mundo que penetrou na igreja.
     Como já falamos, pessoas doentes além de não crescerem, geram pessoas doentes. Isto tem condenado o processo de crescimento em muitos ministérios. A igreja “cresce” sem crescer. Muito se fala em relação aos que estão acomodados nos bancos das igrejas, mas na verdade a maioria não está nos bancos, temos toda uma geração que está na maca. Estes podem ser sarados e readquirir saúde espiritual e desenvolverem o potencial de levar a mesma cura a outros, é claro que depende muito da nossa disposição em servi-los.


Este texto foi extraído do Livro: O Avivamento dos Odres Novos - Escrito por Marcos de Souza Borges (Coty) e publicado pela Editora Jocum.

0 comentários: