A Maldição dos Herodes (Edomitas)

    

 Em virtude da vinda do Messias, o diabo levanta a geração dos Herodes que estavam debaixo da maldição de Esaú. A casa de Esaú tinha uma longa história de ódio e perseguição à descendência de Jacó de onde posteriormente viria o Messias. Percebemos que de forma muito sagaz, satanás faz uso desta legalidade na tentativa de neutralizar o ministério de Cristo e posteriormente sua Igreja. Aventure-se nesta história despido de qualquer pré-conceito e creio que Deus irá ministrar sua vida. Boa Leitura.

     “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem; e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas.” 

(Hb 12:15-17)

“...que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado; que de maneira alguma terá por inocente o culpado; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração.” (Ex 34:7)

Quatro gerações amaldiçoadas:

I- Herodes, o Grande / O testemunho dos magos de Cristo.

     “Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;” (Mt 2:1-3)

     Este é Herodes, o Grande. Não era Judeu, mas não chegava a ser algo muito diferente. Era edomita ou idumeu. Sua descendência era prima da descendência judaica. Era um descendente de Esaú ou Edom, irmão de Jacó. Na verdade, Herodes, o Grande, era meio idumeu, meio judeu. Em sua própria natureza havia uma guerra entre os amigos e os inimigos de Deus. Foi ele que reconstruiu o templo em Jerusalém a partir de 19 AC.

     Pertencia, portanto, a uma linhagem amaldiçoada, porque Esaú odiou as coisas de Deus. A Bíblia menciona alguns pecados de Esaú: desprezar a Deus, jurou de morte o escolhido de Deus (Jacó), ressentimento, rebelião contra pais (problemas familiares), fornicação e imoralidade. Aqui compreendemos o comportamento dos Herodes.

     O livro de Obadias descreve os pecados de Edom, que confirmaram ainda mais a maldição sobre esta nação. Podemos destacar o vs 10: “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre.”

     Herodes, começou a reinar em 37 AC, e morreu pelo ano 4 AC. Os romanos chamaram-no Rei dos Judeus. Era um homem cruel, bárbaro, sanguinário. Quando você observa a história dos edomitas verifica que eles também odiavam as coisas de Deus e sempre foram rivais dos israelitas. Por mais que Jacó resolveu espiritualmente suas diferenças com Esaú no vale de Jaboque, nunca houve um bom relacionamento entre os descendentes, porque Esaú continuou desprezando a Deus com sua rebelião aos pais, fornicação, jugo desigual, etc.

     Mas Herodes estava na mira do Senhor. O alvo do Senhor era quebrar esta maldição herdada. Deus levantou os magos para testemunharem sobre o salvador e a salvação que estava por nascer e manifestar. Deus estava sobrenaturalmente batendo à porta de Herodes. Esta foi a sua grande chance.

     A luz da palavra se manifestou a Herodes, mas ele preferiu as trevas. Ele usou as informações da mensagem que poderia salvá-lo, para impedir o propósito de Deus. Endossou a maldição de Esaú, repetindo a violência contra Jacó, mandando matar todos os meninos de Belém e de todos os arredores, de dois anos para baixo. (Mt 2:16)

II) Herodes Antipas / O testemunho de João Batista e Jesus

  Herodes Antipas era filho de Herodes, o Grande. Temos aqui Herodes, o Tetrarca, que governou a Galiléia e a Peréia durante cerca de trinta anos. Buscando o título de Rei, foi banido para a Gália. A maldição de sua geração estava sobre ele devido aos pecados não resolvidos e confessados (Ex 34:7). Havia nele uma grande fraqueza devido a esta maldição.

     O mais importante é que Deus sempre quer eliminar a maldição. A maldição serve para nos conscientizar do pecado e nos levar ao arrependimento.

     Deus começou a tratar com Herodes Antipas (Mc 6:14-28). Ele já endossara a imoralidade de Esaú, casando-se com a esposa de seu próprio irmão Felipe, Herodias, que segundo a história era neta de Herodes o Grande. Herodias era sobrinha tanto de Felipe quanto de Herodes Antipas.

     João Batista se levantou contra este ato que desmoralizava a família, denunciando publicamente aquele relacionamento profano. Com isto conseguiu o ódio de Herodias, que o lançou na prisão.

     Apesar disto, na prisão Herodes, ouvia João de boa mente e o respeitava profundamente. Por pouco não acontece uma libertação que poderia ter dado fim à maldição na casa de Herodes. Vem, então, a retaliação do inimigo através de Herodias (que era a grande brecha da vida de Herodes Antipas).

     Herodias promove uma pomposa festa de aniversário a Herodes, onde ela entrega de bandeja sua filha Salomé, que também era sobrinha de Herodes a ele. O vinho e a sensualidade (espíritos) estavam ali e pediram o seu preço. Herodes prometeu qualquer coisa a Salomé, até metade de seu reino. Herodias fala o preço de sua filha: a cabeça de João Batista.

     Apesar de agir se contrariando, lá estava ele agindo com imoralidade e violência, exatamente como seu pai.

     Ainda assim, Deus não desistiu de Herodes Antipas. Deus sabia das forças que impunham sobre ele estes atos hediondos. Agora quem estava lidando com Herodes era o próprio Jesus. Nesta ocasião, ele já estava totalmente confuso, era uma ruína de nervos.

     “Ora, o Tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos; outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou. Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.” (Lc 9:7-9)

Herodes ainda se sentia profundamente culpado pela morte de João. Achava que Jesus era João que ressuscitou dos mortos para de alguma maneira puni-lo. Vivia um conflito terrível, ao mesmo tempo que tinha uma grande curiosidade em relação a Jesus.

     Infelizmente, como esta curiosidade foi respondida com um silêncio, Herodes não pode compreender a voz de Deus através do silêncio e decepcionado também despreza a Jesus, exatamente como Esaú fez em relação a Bênção de Deus que lhe cabia:

     “Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele; e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu. Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência. Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos”. (Lc 23:8-11)

III) Herodes Agripa I / O testemunho de Pedro

 “Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à espada Tiago, irmão de João. Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.) havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a quatro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da páscoa. Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele. (At 12:1-5)

     Eu teria dito: “Esqueçam-no, enforquem-no”. Mas Deus continuava a tentar, através de quatro gerações! Aqui temos outro Herodes, o terceiro. Ele lançou Pedro na Prisão e ia matá-lo. Isto era o que os Judeus queriam e a Herodes interessava esta popularidade.

     Certamente não ia bem politicamente e isto podia melhorar as coisas. Mas Pedro na cadeia também era a oportunidade de Deus. Mais um investimento na casa de Herodes.

Deus mandou um anjo que libertou sobrenaturalmente a Pedro, e Herodes foi impactado com este extraordinário acontecimento. Em qualquer ocasião em que o miraculoso se manifesta é porque Deus está tentando alcançar pessoas. Deus estava batendo na porta dos Herodes mais uma vez.

     Mas ele, ao invés de arrepender-se, assassinou os guardas que deveriam ter vigiado Pedro. Rejeitou a luz, mantendo-se preso à violência e espírito de perseguição aos crentes que herdara do avô e o do pai (mesmo comportamento de Esaú em relação a Jacó). Acabou morrendo tragicamente, sendo comido por vermes. Teve a soberba de se colocar como Deus. Esta maldição da soberba também vem da casa de Esaú (Ob 3-5).

IV) Herodes Agripa II / O testemunho de Paulo

  “Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.  Mas Paulo disse: Não deliro, ó excelentíssimo Festo, antes digo palavras de verdade e de perfeito juízo. Porque o rei, diante de quem falo com liberdade, sabe destas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto. Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Sei que crês. Disse Agripa a Paulo: Por pouco me persuades a fazer-me cristão.” (At 26:24-28)

     Temos agora Herodes Agripa II, e a seu respeito podemos ler em Atos 25 e 26, que ele era o bisneto de Herodes o Grande. Era filho de Herodes Agripa I. Supervisionava o templo de Jerusalém e nomeava o sumo sacerdote.

     Neste texto, ele está ouvindo um homem: o apóstolo Paulo. Deus envia à casa de Herodes um de seus melhores guerreiros. Paulo deixa Agripa II atônito e balançado com seu testemunho. Agripa II conhecia bem o judaísmo e por isto estava mais próximo do cristianismo que os seus ancestrais.

     O mover do Espírito pela igreja primitiva não lhe era desconhecido. Respondeu ao apelo de Deus, talvez com as palavras mais lamentáveis da Bíblia: “Paulo, por pouco me persuades”. Herodes Agripa II também perdeu sua oportunidade. Ele era a quarta geração e foi o último da família. Eles foram os governadores da nação, mas tudo perderam. A maldição os consumiu da face da terra.

     A história conta que Agripa II perdeu sua alta posição e comprou uma fazenda no Monte Vesúvio, para viver o resto de sua vida em vergonha e no exílio. Não era um bom lugar para uma fazenda, pois quando o vulcão entrava em erupção, simplesmente destruía tudo. Este foi o fim da casa de Herodes.

     Deus tentou com todos Herodes quebrar a terrível maldição que vinha desde Esaú. Todas aquelas gerações o rejeitaram. Os pecados dos pais foram visitados nos filhos por quatro gerações. Por fim foram exterminados. Não se ouve nunca mais falar em nenhum descendente de Herodes.

     O diabo deseja fazer o mesmo com nossas gerações, famílias e descendência. Sabemos que Deus já proveu um meio de transformar toda maldição em bênção. “Se andarmos na luz, como Deus na luz está (o padrão da verdade de Deus), temos comunhão uns com os outros (reconciliação – arrependimento e perdão), e o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.” Este é o maldicida de Deus. O sangue de Jesus devidamente aplicado em nossas vidas mata a maldição.

     Finalizando, é importante ressaltar uma coisa muito séria na casa de Herodes, e precisamos tirar uma grande lição. O ponto de partida da maldição que assolou a vida de Esaú e toda sua descendência foi um simples desprezo da bênção de Deus: “...por um manjar vendeu seu direito de primogenitura” (Hb 12:16). Pessoas que sempre ouviam e ouviam e ouviam o Evangelho, mas que nunca levaram Deus a sério. Eram convencidas, persuadidas, respeitavam, ouviam de bom grado, mas rejeitavam.

     Como tentativa de aliviar a consciência, apenas lavavam as mãos tentando não admitir sua conivência. Este “por pouco” é o nosso maior problema. Precisamos tomar posições sérias, assumir responsabilidades com profundidade, nos arrepender de sermos apenas amigos do Evangelho, meros espectadores ou colaboradores. Deus nos chama a ser o espetáculo, a fazer diferença, quebrar as maldições e mudar a sorte da nossa geração.

     Paulo também estava debaixo desta mesma maldição de perseguir a igreja, mas ele tomou uma posição com Deus e seu quadro foi totalmente revertido. Ele se tornou o espetáculo de anjos e homens passando, agora, a ser perseguido por amor de Jesus e da igreja. Ele mudou a história da sua geração e do mundo.

Fonte: Marilyn Hickey