Agostinho ou Pelágio ???


A maioria de nós é agostiniana nos púlpitos. Pregamos a soberania de nosso Senhor, a primazia da graça e a glória de Deus: "Porque pela graça sois salvos... não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8,9). Mas, no minuto em que deixamos o púlpito, passamos a ser seguidores de Pelágio. Em reuniões, sessões de planejamento, tentativas obsessivas de atender às expectativas das pessoas, ansiedade de agradar e pressa de cobrir todas as bases, praticamos uma teologia que coloca nossa boa vontade como fundamento da vida e estimula o esforço moral como sendo o elemento básico para se agradar a Deus.

“O dogma produz o comportamento característico do líder: se as coisas não estão indo bem o suficiente, haverá melhora se eu trabalhar um pouquinho mais e levar os outros a fazê-lo também. Inclua um comitê aqui, recrute mais alguns voluntários ali, introduza mais algumas horas de trabalho no dia”.

Pelágio era um herege único e Agostinho um santo sem igual. Pelo que se sabe, Pelágio era polido, cortês, convincente e parece que todos gostavam imensamente dele. Agostinho desperdiçou sua juventude com imoralidade, tinha algum tipo de problema freudiano com sua mãe e fez uma porção de inimigos. Mas todos os mestres teólogos e pastorais concordam com que Agostinho partiu da graça de Deus e por isso agiu certo e Pelágio do esforço humano, portanto, errado.

Se fôssemos agostinianos fora do púlpito da mesma forma que somos quando estamos nele, não teríamos dificuldade em descansar em Deus. Como é que Pelágio foi tornar-se o nosso mestre? Nossa atração disfarçada por Pelágio não nos levará à excomunhão, ou à fogueira para sermos queimados, mas mutila severamente nosso trabalho pastoral e, conquanto não seja doloroso pessoalmente, é catastrófico para a saúde e integridade da Igreja.



Extraído do Livro: Um pastor segundo o coração de Deus – Eugene Peterson

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