Histórias Gregas e Orações Hebréias - Por Eugene Peterson
A quantidade exorbitante de destruição que nos rodeia é estarrecedora; corpos, casamentos, carreiras, planos, famílias, alianças, amizades, prosperidade, tudo isso pode e tem sido destruído. E nós agimos de várias formas: desviamos o olhar; evitamos lidar com os problemas; esforçamo-nos para superar os temores; acordamos, toda manhã, esperando alcançar saúde e amor, justiça e sucesso; construímos defesas mentais e emocionais contra as investidas das más notícias e tentamos manter acesas as nossas esperanças. E, de repente, algum desastre coloca alguém que nos é importante em cima de uma pilha de destroços.
Os jornais documentam as ruínas, com fotografias e manchetes, e o nosso coração e diários completam com os detalhes. Não parece haver promessa ou esperança de que esteja a salvo do massacre generalizado.Os pastores convivem com essas ruínas diariamente. E por quê? Que esperamos realizar, no meio dos escombros? Os séculos têm passado e a situação geral não parece haver progredido muito. Será que pensamos que mais um dia de esforços irá deter a avalancha até o Juízo Final? Afinal, por que não nos tomamos cépticos? Será que os pastores são apenas ingênuos e continuam dedicando-se a atos de compaixão, conclamando as pessoas a uma vida de sacrifícios, sofrendo abusos ao testemunhar a verdade e repetindo, teimosamente, a história antiga, difícil de acreditar e amplamente negada que prega as boas-novas no meio das más notícias?
Que tomamos como Reino de Deus dentro de nós mesmos e nos relacionamentos que mantemos com os que nos rodeiam pode ser classificado como o "mundo real"? Será que, em vez disso, estamos transmitindo um tipo de ficção espiritual, análoga à ficção científica, que imagina um mundo melhor do que o existente, em qualquer época presente ou futura? Consistirá o trabalho pastoral em colocar flores de plástico em vidas sem brilho: tentativas bem-intencionadas de enfeitar um cenário ruim, com algo não totalmente inútil, mas sem substância ou sentido para a vida?
Muitos pensam assim e a maioria dos pastores concorda com eles em algum momento. Se esse pensamento nos acomete com freqüência, começamos, vagarosa mas inexoravelmente, a adotar a opinião da maioria. Principiamos a tornar nosso trabalho maleável frente às expectativas de um povo para quem Deus é mais uma lenda do que uma pessoa, que presume que o Reino, depois do Armagedom, será maravilhoso mas que é melhor trabalharmos com o que esse mundo nos oferece, e que acredita que boas-novas é uma saudação simpática para um cartão, mas na vida cotidiana essas boas-novas são tão desnecessárias quanto um manual para computador ou a especificação escrita de um trabalho.
Existem dois fatos: primeiro, o ambiente de destruição que nos cerca fornece diariamente estímulos poderosos no sentido de ansiarmos por restaurar e colocar no lugar o que está errado. O segundo fato é que a mente secularizada contribui para a pressão firme e inexorável no sentido de reajustarmos nossa concepção do trabalho pastoral, de modo que nossa resposta às condições terríveis que se encontram à nossa volta faça sentido para aqueles que estão aterrorizados.Trecho de: Um Pastor segundo o coração de Deus ( Eugene Peterson )
0 comentários:
Postar um comentário